quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Mais a Sul, de biquini e sem congelar, impossível

Sim sim, de biquini, ao Sol e num Paraíso... ...Bathing Beach...

não, não é o Portinho da Arrábida, nem a Anicha...


...nem fica na Indonésia, Tailândia ou Fiji...



fica em Stewart Island (Raikura em Maori que significa Céus Brilhantes), a 3ª ilha da New Zealand e, se não fosse a eterna distorção de pontos cardeais, seria o último lugar habitado do mundo, embora tenha apenas 382 humanos e muitos, muitos, muitos mais bichos já que 85% do território é um parque natural...
Conta a lenda Maori que, muito tempo depois da criação do mundo, o semi-Deus Maui, um Polinésio, saíu para pescar com os seus 5 irmãos...depois de muito remarem nas suas canoas, e já longe da vista de todos, Maui iscou o seu anzol mágico (feito de osso de maxilar de uma avó pouco apreciada) com sangue do seu nariz, prendeu-o numa linha muito forte e lançou-o ao mar. Maui depressa pescou um enorme peixe, que se transformou na Ilha do Norte (Te Ika a Maui - o peixe de Maui), a sua canoa transformou-se na Ilha do Sul (Te Waka o Maui - a canoa de Maui) e Stewart Island/Raikura a âncora que manteve firme a canoa de Maui (Te Punga o te Waka o Maui).

Mas lendas à parte, Raikura é um Paraíso! Nem sei por onde começar a mostrar-te...se por Lee Bay, onde está o cabo da âncora de Maui...

...se por uma das muitas praias do Paterson Inlet...

...se pelo próprio Paterson Inlet...

...já que é tudo para cima de lindo! A casa cinzenta que se vê na foto acima, é a última do mundo em que fala inglês...mesmo com a distorção de pontos cardeais, aqui é o último lugar em que se diz South!

Mas, além da beleza natural, os habitantes da pequenina Oban (a única "vila" nesta ilha) disfrutam também de outras coisas como, por exemplo, de jogos de tabuleiro!
Entendo cada vez menos porque é famoso o de Christchurch se a GRANDE obsessão por xadrez é um fenómeno nacional!

Neste paraíso não é muito comum, segundo dizem, ver alguém na praia, apesar do sol e das baías convidativas, devido (agora sei bem disso!) às muitas mosquinhas que picam dolorosamente. Mas, curiosamente, hoje foi um dia diferente; pudemos assistir a uma crise doméstica entre um casal muito especial...
"Vou sair" - disse ela
"Fica só para mais uma cambalhota!" - pediu ele
"Estou a morrer de frio e a ficar com os bigodes enrugados! Não dá mesmo; vou para cima!"
"Oh! Bem, nesse caso...também não fico aqui a dar cambalhotas sozinho com toda esta gente a olhar para mim, ali da estrada!"
"Como queiras...eu vou deitar-me a ver se aqueço...bem que podias fazer-me uma massagem..."
"Nem penses! Com toda esta gente a olhar!"
Podes ver como tudo acabou no vídeo que se segue mas...ignora os comentários; são de outro tipo de mamíferos, daquele país que não se controla nos comentários...


E, neste lugar onde o tempo passa devagar, não há pressa para nada porque não há onde ir nem para onde ir, houve uma ideia digna da mais vanguardista metrópole: engarrafar água da chuva e vender! E tem ganho prémios como a "água mais pura do mundo"! E é bem boa!

Já outras ideias foram bem menos luminosas e vou abster-me de comentar...
E se na viagem marítima até à ilha tinha tido a "sorte" de ter dois golfinhos como companhia, melhor surpresa estava reservada para a viagem até Bluff - uma família (Pai, Mãe e Cria) de Orcas!!!! E é muito raro vê-las aqui tão pertinho da costa, mesmo à entrada do Porto de Bluff e a cerca de 1m do catamarã! UAU!



Já nem sei o que dizer deste dia! Acho que é por tudo isto que tenho visto que muitos pensam
e eu digo - Tens que vir cá ver isto!
Beijinhos,
J

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A partir daqui, só de barco!

Olá,

o post hoje é muito pequenino...tal como a distância percorrida - apenas 100km em busca de peixes-chatos. E foi mesmo uma chatice porque não os consegui encontrar...andei pela beirinha, por cidades portuárias e por estuários mas está tudo fechado,falido ou para venda...e as cidades desertas, como se tivessem sido abandonadas depois de uma catástrofe...parece que ninguém quer viver neste paraíso...

Mas, "chatices" à parte, valeu a pena todo o caminho! Mesmo o das últimas 24h desde ali
e ao longo de toda esta península
para chegar a Bluff
e ao que é conhecido como o último ponto da ilha do Sul - Stirling Point...
...e descobrir que o lugar mais perto de casa dista quase, quase, quase 19000km e o mais perto em que estivemos nesta volta está, ainda assim, muito longe!
Neste ponto do globo não há como "perder o Norte" - esse é mesmo o único sentido possível uma vez que a estrada SH1 começa/termina aqui, embora, na realidade, a estrada siga para Oeste...confuso, não?! Além de estar muito a Sul de todo o resto do mundo, a NZ está "na diagonal" o que faz com que os pontos cardeais fiquem "distorcidos" e caminhar para o Norte de uma das ilhas seja caminhar para Este. Também por isto o Slope Point não parece, quando se olha isoladamente para o mapa da ilha do Sul, o ponto mais a Sul...tinha sido tão mais fácil se a separação da ilha do antigo (muito antigo mesmo) continente Gondwana (de onde "saímos" todos) tivesse seguido "a direito" - desde cedo quiseram ser diferentes!

E, se a Este de Invercargill a costa é recortada por baías de águas azuis e areais brancos, lagoas e estuários, a Oeste a paisagem não é muito diferente. Ainda na esperança de "uma boa pescaria" segui até Riverton, a Riviera da Southland (segundo o Lonely Planet e, claro está, os padrões Neo-Zelandeses)...
...enfim, não é bem a mesma coisa mas tem um estuário lindíssimo e ainda "desabitado" (que a Riviera não tem!)
e uma praia cheia de surfistas!
Depois de uma espécie de creme de marisco (sim, com muitos mexilhões!) numa esplanada, acompanhada pelas Memórias de Cleópatra e embalada pelo som das ondas, voltei a Invercargill.
É uma cidade pequenina, é certo, mas com um grande património arquitectónico (dentro do padrão Neo-Zelandês, claro está). Os nomes das ruas (Don, Dee, Tyne, Tay) e o estilo dos edifícios lembra a Escócia...
...mas o reflexo do Sol nos edifícios não deixa dúvidas de que estamos bem mais a Sul!
E, pelo menos até agora, ainda não achei nenhum jogo de tabuleiro pelas ruas!
Amanhã vamos mesmo ao paraíso...segundo o Lonely Planet.
Beijinhos,
J

Que da Oriental praia de St. Kilda...

...Por estradas nunca de antes percorridas
Passou um carrinho branco ainda além de Dunedin
Em 170km de gravilha e curvas apertadas
Mais do que prometia a costa das Catlins... O Sol entrou pela minha janela muito antes das 7h00 para me desejar um bom dia de viagem. Comecei por dar um passeio pelo centro de Dunedin, antes de toda a cidade acordar...
...para me dar conta que nesta ilha existe uma grande obsessão por um certo jogo de tabuleiro...
...e para prometer a mim mesma que não mais reclamarei da localização das placas de sinalização em Portugal!
Conseguiste ver as plaquinhas verdes que indicam as duas cidades mais próximas?! Agora imagina se fosses na estrada...de quem terá sido esta maravilhosa ideia?! Ainda bem que dei este passeio pelos passeios...
Seguindo as boas indicações da Southern Scenic Route, e na falta delas o meu Lonely Planet acoplado ao meu GPS interno, eis que descobri a primeira praia - St. Kilda
mesmo juntinho a Dunedin,
e "dunas meias" com St. Clair.
As nuvens negras prometiam chuva mas o ventinho de Nordeste teimava em levá-las para longe...e conseguiu! Quando cheguei a Brighton o Sol, ainda que timidamente, já aquecia a areia branquinha...
Sempre com o Pacífico como companheiro,
e com vontade de fotografar cada metro por onde passava,
por ser simplesmente lindo ou por ter alguma beleza mais "profissional",
ou por ser um vale encantador,segui, estrada fora.
E, se a paisagem desta ilha ainda me surpreende a cada kilómetro, o sentido de arrumação deste povo consegue deixar-me de queixo caído...se não souberes o que fazer a um velho par de sapatos, conheço uma vedação em que os podes deixar!
Sei também de uma esplanada com uma das melhores vistas sobre a praia,
onde apenas ouves o som do mar em Kaka Point,
enquanto recuperas energia para chegar a Nuggets Point
e caminhar até ao Farol.
Os mais de 20km de estrada de gravilha vão cansar-te, vais sentir calor a caminhar ao sol até ao ponto mais longíquo mas, quando lá chegares e vires as rochas que deram o nome a este cabo......o recorte da costa a sul...
...e os leões marinhos a dançar na água (pontinho preto no azul entre as rochas)...
...a rebolar nas algas (massas cinzento-escuras no dourado das algas)...
...e a brincar com as crias (pontos mais escuros perto do lago verde da direita)...
...vais dizer "valeu a pena!".
Mas até ao destino final faltavam ainda mais de 100km e havia ainda muito que ver. Por exemplo, Cannibal Bay, uma praia que deve o seu nome à descoberta de uns ossos humanos enterrados na areia mas...
...não terá o Indígena desta rocha dado uma mãozinha à desiganção?! Ele parece-me bem mais assustador que um esqueleto!

E se as praias de dunas e areia branca são estonteates, as cascatas desta zona também são dignas de visita.

E se há rios e mares...há estuários e extensas planícies de terra alagada.
E, se para trás ficou o intenso azul de Tahakopa Bay,
o imenso areal da praia de Tautuku dá a este lugar um não-sei-quê de paraíso...
... a que se juntam as cascatas de McLean, umas dezenas de kilómetros mais à frente.
Passando por lagos
e lagoas costeiras
lá cheguei, finalmente, ao Sul do Sul!E se os 20 minutos a andar não íam fazer-me desistir, o mesmo já não podia dizer acerca dos guardas...
...mas estabeleci contacto...
...e lá me deixaram seguir, sem interferências! O cheiro não era dos melhores e havia alguns "pontos" a evitar pelo caminho mas, passados menos do que os anunciados 20 minutos, ali estava eu, onde esta terra acaba e o mar começa!
Ainda tentei enviar-te um sms mas a operadora móvel não colaborou...
...tive que vir para Invercargill, tão depressa quanto a estrada permitiu, para te contar tudo! Mas ainda tive tempo para uma última foto!
Missão cumprida!
Amanhã tenho uma outra missão, mais "profissional"...
Beijinhos
J