
Já com o horário acertado, abri a janela do quarto e disse bom dia a Hong Kong (HK). A paisagem não é tão bonita como a que te mostrei ontem, da mesma janela, do mesmo quarto – será por isto que os postais de HK são nocturnos?!
Guia, Máquina, Diário de Bordo e dois possíveis destinos…optei pelo Buddha Gigante. Ontem já o tinha visto do avião, fiquei curiosa e tive que ir ver melhor de que tamanho era este gigante. Comprei um Octopus Card (uma espécie de passe recarregável) e apanhei o metro para Tung Chung, em Lantau.
Embora nos transportes públicos de HK não se pode comer, beber ou fumar, bem como nas respectivas estações, há sempre um mini centro comercial dentro de cada uma delas que vende comidas e bebidas que se podem transportar para a carruagem – um constante braço de ferro entre o apelo do estômago e a multa!
Cerca de 30 minutos depois cheguei a Tung Chung e, para meu grande desgosto, o teleférico não estava a funcionar. Tive então que entrar no bus 23 com destino a Ngong Ping mas, como há males que vêm por bem, assim consegui viajar por toda a ilha por apenas 30$HK (cerca de 3 euros).

Lantau é a maior das ilhas de HK e onde se situam o Aeroporto, a Disneyland e algumas das melhores praias e caminhos pedestres, mas há apenas uma estrada, estreita, de curvas e contracurvas, e em obras! Por isso, e ao fim de uma viagem de praticamente uma hora, em tudo semelhante à que nos leva até ao Curral da Freiras na ilha da Madeira, cheguei ao Mosteiro de Po Lin e UAU…é MESMO Gigante.

É uma enorme estátua de bronze, com 34m de 250 toneladas, sentada sobre flores de lótus, no cume de 264 degraus, que todos parecem contar enquanto descem – para cima é mesmo impossível! Apesar de o meu Rough Guide indicar que a visita era grátis, custou-me 23$HK que foram depois convertidos num gelado (Corneto Cappucino) e numa água destilada (sim, aqui bebe-se água destilada e em quantidades pouco usuais – 770ml, 880ml), o que deve resultar numa pequena margem de lucro. Ainda assim, vale a pena pela serena imponência desta figura e das que o rodeiam e da paisagem vista de lá – os vários templos coloridos de Po Lin encaixados no verde das enormes montanhas.


Quando se chega ao parque de estacionamento, não se adivinha o interior de Tai O, nem mesmo depois de se ler o guia ou se ver uma ou outra foto. Tai O é daqueles sítios.
É uma aldeia de pescadores nascida nos tempos em que cada família tinha o seu barco e conseguia o seu sustento. É pouco colorida, sobre estacas (como a nossa Carrasqueira do Sado), com apenas duas ruas paralelas ao braço de mar que a atravessa e um sem número de ruelas perpendiculares. Tem tabernas em que se jogam cartadas, tem roupa rota estendida ao sol e ao lado do peixe que seca nas redes, tem cães vadios, tem casas de portas abertas para a rua para se ver quem passa e tem turistas que caminham em direcção aos templos – uns olham, outros, vê-se, preferiam que não se visse nada disto. Continuo pela rua até ao templo Hau Wong Miu, no extremo da aldeia, à beirinha do mar. Que paz! Que vista! Vai uma foto! Depois outra…ainda mais outra. Descanso ao pé do lago e volto para o centro, ao mercado.

O mercado de peixes e mariscos é numa dessas ruas paralelas – tem todos os mariscos secos (camarão, amêijoa, mexilhão, e outras coisas que não consigo identificar) e apenas alguns frescos, vivos mesmo, para o cliente escolher e sacrificar depois. Não compro nada porque não gosto de peixes secos nem de nada muito salgado e sigo para outro mercado, o de tudo o resto e que fica na outra rua paralela. Visito o centro comunitário de desenvolvimento cultural e ecológico para a sustentabilidade que não tem apoio do governo – parece que seja qual for a orientação do mundo, deste ou de outro lado, essa instituição tem os mesmos princípios…

Deixo Tai O a meio da tarde para conseguir ainda ver Mui Wo antes de escurecer, o que aqui acontece por volta das 18h. Depois de mais meia hora pela já famosa estrada única, chego ao terminal dos autocarros e ferries que apenas impressiona pelo parque de bicicletas.
Mui Wo não tem muito que ver

Depois de molhar os pés nesta água quentinha, sentei-me na praia a decidir o que fazer com a noite. Decidi-me pelo Mercado nocturno de Temple Street em Kwoloon, onde se podem comprar roupas, sapatos, peixes, ler o futuro e ouvir um artista local a cantar. Apanhei o bus #M3 de volta a Tung Chung (outra hora), depois o MTR até Tsim Sha Tsui para subir a rua mais comercial cá do Sítio – Nathan Road. Todas as marcas, grandes e pequenas, nacionais e internacionais, devem ter aqui uma loja…e para que nenhuma passe despercebida, o néon que as indicam são Mesmo Muito luminosos e, se preciso for, estão no centro da rua para que nenhum outro os encubra!

O Mercado é…um mercado – talvez o que tenha de mais unusual seja a disposição das bancas. Brinquedos sexuais partilham a bancada com T-shirts souvenir ou de carteiras para miúdos mas, diz o aviso pendurado na banca, “indecent toys cannot be used by kids” – aqui deve ser o que basta.
Time to go to bed,
Jinhos
PS1 – Reparaste que o Buddha tem uma cruz suástica no peito?! Sabes explicar-me porquê?!
PS2 – Reparaste que trago no pulso um certo colar verde para cumprir o prometido num certo jantar?!
4 comentários:
Pois é... não te assustes com a suástica :), não foi uma invenção daquele cujo nome começa com H (:P).. é um símbolo utilizado desde há milhares de anos por diferentes culturas. No Budismo creio que é símbolo de "bons ventos" ou "boa sorte"!!! Estás no caminho certo!!!!
Não deste por nada mas hoje foste ao cinema... fraquinho o filme... fraquinho :)... Beijocas!!
ahahahahahah fui ver!!!! fui ver!!! a cruz suástica é também conhecida como "cruz gamada"!!!!!!!!! nem de propósito!!!!
pronto agora é que é!!
Beijinhos!! :)
Penso que a pergunta não era para mim, mas cá vai…
A cruz ostentada pelo Buda não é idêntica à suástica. A suástica roda no sentido horário, e a do Buda roda no sentido anti-horário. Foi adaptada por Hitler por razões que terão a ver com simbolismos que não domino (mas sábado terei a resposta, se quiseres). No caso do Buda, está relacionado com a teoria das energias opostas que deram origem ao universo segundo a cultura oriental, o que é simbolizado pela cruz central. Os restantes traços significam que estas energias se completam e se encontram em constante movimento, princípio que orienta toda a filosofia Budista: “Tudo na vida é impermanente e transitório” como o próprio diria...
Gosto de ti.
Beijinho.
AH...muito bom...a do fio verde eu percebi e quero dizer que estamos muito orgulhosas por perceber que ele anda a viajar por sítios tão especiais!! Obrigada pela reportagem fotográfica e continua sempre a aproveitar ao máximo!!
Um beijinho grande.
Susana
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