terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Confirma-se...Deus é Brasileiro!

Pois é!

Antes de subir ao Corcovado, ou sempre que via imagens do Rio, achava a cidade muito bonita mas, como nunca a tinha visto com os meus próprios olhinhos..."desconfiava" que fosse menos do que parecia.

Antes de continuares a leitura, e porque nunca consegui colocar aqui as fotos (tento em NY), põe a tocar a música do Jobim e Vinicius "Samba de Avião" (Cristo Redentor...de braços abertos sobre a Guanabara...) abre o link abaixo e viaja comigo pelo Rio...
http://picasaweb.google.com/Joaninha29/CidadeMaravilhosa?authkey=uuPEIRnUl5g


No Domingo caminhei por todo o Calçadão - desde o Leme até Ipanema - e as praias de areia branca e água azul, ladeadas pela calçada Portuguesa de padrão ondulante encantavam-me enquanto várias pessoas tentavam evangelizar-me, ou converter-me a qualquer religião que não a Católica.

Parei no Forte de Copacabana, assisti à recreação histórica da cerimónia de mudança da guarda, subi à Cúpula dos Canhões e dali vi toda a baía de Copacabana - era linda apesar do aglomerado de prédios ao longo da Avenida Atlântica.

Do outro lado da Cúpula estava a Praia do Diabo e uma porção de miúdos tentava apanhar a melhor onda sem se despedaçarem nas rochas...arriscado, achei, mas eles estavam tão felizes! e outros tentavam pegá onda offshore - sim, deve haver um fundão no mar e formam-se ondas altas a uma distância considerável da costa.

Segui o meu percurso, sempre pelo Calçadão, até não aguentar mais o Sol a cozer-me os pensamentos, altura em que me dirigi à Lagoa Rodrigo de Freitas na esperança que fosse um passeio mais fresco, já que estaria no Jardim António Carlos Jobim. Mas não estava...destilei, mesmo a caminhar pela sombra, até que o meu estômago me fez parar num café e beber uma Limonada Suíça e comer um Casadinho! Engraçados os nomes, não?! A limonada não é muito diferente da Portuguesa (só mais cremosa) mas o Casadinho é um prato bem Brasileirinho - carne seca desfiada, acompanhada de aipim (tipo batata mas mais molinha e adoçicada) e mandioca. Muito bom e deu-me forças para fazer o resto da caminhada pela margem da Lagoa, à sombra das jacas, e fotografar a maior árvore de Natal do Mundo!

Peguei um táxi até ao Trem do Corcovado e, seguindo as indicações do Lonelyplanet, sentei-me no lado direito de quem sobe para ter uma "visão soberba sobre a cidade". E foi mesmo verdade! O trenzinho vai pelo interior da Floresta da Tijuca e, quando as árvores deixam ver, a vista é, de facto incrivelmente bonita.

Ainda não foram inventadas palavras para descrever o que Cristo Redentor vê do seu Corcovado todos os dias...por isso, até ele, apenas olha e sorri.

O contraste dos morros com o mar, das praias com a floresta, dos prédios com as favelinhas, do brutalmente moderno e quase feio com o mais rico do imperial Português, das linhas rectas das ruas com as abauladas linhas do teleférico fazem justiça ao Cidade Maravilhosa cheia de encantos mil...

Ficaria lá em cima horas a fio só a olhar para todos os lados mas, como tenho poucos dias para ver muitos dos encantos mil, regressei ao hotel ainda com as imagens coladas aos olhos.
No dia seguinte vi-me forçada a fazer menos km a pé e, portanto, resolvi fazer um tour guiado pelo Parque Natural da Floresta de Tijuca. Outra maravilha e uma fabulosa ideia de D. Pedro! A estradinha tem Jacas, Mangueiros, Jacarandás e Carnaúbas (que parecem de prata a brilhar ao Sol) de um lado e outro e os miradouros, estrategicamente colocados pela Família Real, permitem mais imagens de sonho do Rio...os nossos Reis sabiam, de facto, aproveitar a vida!

O tour terminou em São Conrado, a zona em que vivem os Cariocas com muito dinheiro ou os artistas - actores, músicos, bailarinos - e em que se pode aterrar de Asa Delta, na Praia do Pepino! Fiquei com uma vontade de experimentar...

Depois de um dia descansado...veio um dia quentíssimo - 39ºC - e agitado. Comecei por apanhar o metro até à Cinelândia, assim chamada devido ao número de cinemas e teatros neste quarteirão do centro da cidade. Visitei o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional, que tem mais de 10 milhões de títulos, incluindo tudo o que se salvou da Biblioteca Nacional de Lisboa aquando do incêndio provocado pelo Terramoto de 1755.

Não se podia tirar fotografias nas salas de leitura...tal como no Real Gabinete de Leitura...mas aqui fingi que não vi os pequeninos sinais de proibido porque tinha mesmo que te mostrar esta maravilha.

No centro histórico ainda visitei a Igreja de Nossa Sra. da Candelária, que é de facto magnífica!, e a Catedral Metropolitana - o cone gigante de cimento que não precisa de ar condicionado porque é todo "furado" com janelinhas pequenininhas na própria estrutura.

Pertinho da Catedral fica a estação do Bondinho para Sta. Teresa, uma vila histórica, muito pitoresca e muito bonita que permite mais uma espectacular vista do Rio. O bondinho também é histórico - velhinho, amarelinho, de bancos de madeira corridos. Se não quiseres pagar os 60 centavos do bilhete, penduras-te nos degrauzinhos laterais e vais de graça!

Depois de Sta. Teresa, onde comi um maravilhoso camarão com molho de queijo e Aipim, ainda fui ver a Escadaria Selarón. Voltei para Copacabana de metro e caminhei até ao hotel debaixo de uma chuva miudinha mas tão refrescante - eram 18h e ainda faziam 34ºC!

À noite fui sair com os meus amigos cariocas Flândrio e Carolina (pai e filha). Foi o Destino que atrasou o meu vôo de Buenos Aires para que a guia que iria buscar-me ao aeroporto no Rio não pudesse ir, fosse substituída pelo Flândrio, que simpatizou comigo (e eu com ele), e me tem tratado desde então como família! Assim pude ir ao Rio Scenarium, uma casa de Samba muito Brasileira durante a noite e um antiquário durante o dia. Foi muito divertido e muito bom - sim, sambei! Muito!

Hoje foi a vez de ir ao outro "ponto máximo" da cidade - o Pão de Açúcar (ou Sugar Loaf, em Inglês! Acho tão engraçado o nome traduzido!). Mas antes, sassariquei um pouquinho em Urca, uma vila piscatória no sopé do Pão de Açúcar onde viveu Carmen Miranda. Além de uma praia mínima de água calma e quentinha, e da vista para a Baía da Guanabara, a vila tem uma igreja mínima, a de N. Sra. do Brasil, para quem São Pedro olha...das águas.

Juntamente com mais de 100 turistas Europeus, apanhei o teleférico para o alto do Pão de Açúcar, com uma paragem no Morro da Urca e...a Baía da Guanabara estava ali, ao nossos pés! Apesar das nuvens e do churrasco - nuvens vindas do mar e sopradas pelo vento a grande velocidade que parecem mesmo fumo de sardinha assada! -o cenário era estrondosamente lindo! Não tem, de facto, comparação com qualquer outra cidade que eu conheça.

E se pudesse mexer os braços, Cristo hoje teria tido muito trabalho a desviar as nuvens - esteve sempre coberto por elas a adivinhar chuva...

E adivinhou bem! Apanhei o Catamarã para Niterói, depois de visitar o Museu de Arte Moderna no Parque do Flamengo, porque queria ver o Rio do outro lado da Baía e visitar o MAC (Museu de Arte Contemporânea), uma obra prima da arquitectura Brasileira da autoria de Oscar Niemeyer. Mas assim que coloquei o pé na ilha, começou a chover; primeiro devagarinho e depois um dilúvio em que só faltavam Noé e os Bichos...embora eu me sentisse um deles quando corri para o terminal na esperança de não ficar encharcada! Consegui ver o MAC, por fora e do Catamarã, mas apenas consegui fotografar o cais para te mostrar...

Parou de chover quase tão de repente como começou e, assim sendo, ainda me permitiu uma volta pelo exacto local a que chegaram os Portugueses!

Voltei ao hotel de ônibus, sempre pela marginal, e entrei mesmo a tempo de não apanhar a segunda trovoada do dia! Acabo de ouvir no Jornal das Oito que é uma Zona de Convergência do Atlântico Sul que está a provocar esta ira dos Céus, com relâmpagos que iluminam tudo como se fosse dia. O que me preocupa é que Cristo está sozinho num monte, sem guarda-chuva e sem poder mexer os braços para limpar os olhos da água da chuva...mas de certeza que amntém o mesmo ar - profundo prazer por abraçar o Rio em cada minuto!

Agora que leste tudo isto enquanto vias as fotos e ouvias o Jobim...diz-me: é Maravilhosa ou não?!

Beijinhos com a Alma mais viva e mais lavada
J

PS - apesar de amar calor e Verão, acho que me vai saber bem o friozinho de NY.

3 comentários:

I disse...

Nó pequenino na minha garganta, gotinha de lágrima no cantinho mais cantinho do meu coração... essa cidade é de encantos vários...vista ao vivo é paralisante... eu fiquei 5 dias em estado de encantamento que ainda hoje perdura... adorei reencontrá-la através dos teus olhos, pés e sorrisos!!! Beijos, milhões deles só pra ti!!!

casulo disse...

:) eu também adorei! e como só conheço o nordeste dos charters fiquei com uma pulguinha atrás da orelha a gritar para só eu poder ouvir "vai, vai lá!"

cuidado com o frio, ainda rachas de tamanha diferença de temperatura ;)

mariaquerido disse...

Que bom! Poder rever através dos teus olhos e da forma bonita como a descreveves, essa cidade maravilhosa... para mim do mais lindo que já vi. Fazes crescer-me água na boca e o desejo de voltar.
Beijitos e um xi coração apertadinho