Finalmente vou contar-te onde estou, como cá cheguei e o que fiz pelo caminho...
Sexta-feira, dia 16, foi o tal feriado "distrital" de Canterbury e eu tinha pensado dar uma espreitadela à "exposição" (show) só para ver como era. No momento em que calcei as botas e saí de casa começou a chover - é um clássico nos meus "curtos" passeios! Ainda esperei uma hora mas como o tempo teimava em não se alterar, alterei-me eu e fui ao cinema; afinal, até gosto muito mais de filmes do que de ver exposições de gado! E que belo filme! Aconselho-te a não perder o Elizabeth, the Golden Age com a excelente interpretação da Cate Blanchet e do Clive Owen (que além disso é também detentor de uns lindos olhos azuis e de um charmoso sotaque britânico). Quando voltei a casa, já não chovia e até fazia um lindo fim de tarde, com um ventinho quente que anunciava um bom dia de passeio para sábado.
E assim foi! Desta vez o tempo não me pregou nenhuma partida e, quando saí de casa às 6h da manhã em direcção à estação de comboio, o sol brilhava e a temperatura perto dos 15ºC. Sim, a minha viagem começou num comboio, o TranzCoastal, que, tal como o nome indica, segue pela costa, desde Christchurch até Picton, no topo da ilha do Sul. A viagem até ao meu primeiro destino demorou cerca de 3h e ao princípio estava a decepcionar-me...o mar só apareceu ao final de duas horas; até lá atravessámos extensas planícies verdes, pintalgadas de vacas, ovelhas, gazelas e lebres que, embora bonitas, já começam a ser a minha paisagem diária. Mas, finalmente, lá estava ele, o Pacífico azul e a costa Nordeste da Nova Zelândia protegidos pelos Alpes do Sul!

O que vês no topo da montanha é gelo...sim, assim tão pertinho do mar!!! E as praias...são de calhau rolado, ou gravilha e negra! E têm muitas, mesmo muitas, algas castanhas na beirinha...são florestas de laminárias ali, á mão...que estranho é tudo isto para mim - de onde eu venho, as montanhas com gelo estão no interior do país e as florestas de algas em profundidades muito além do meu joelho...e, claro está, a areia é geralmente fina e branca. Mas ao longo de uma hora pude apreciar toda esta "estranhesa" até que chegámos a Kaikoura!

Esta terra pequenina, quase 200km a norte de Christchurch, é um paraíso para a vida marinha: golfinhos, focas, aves e baleias residem nestas águas frias e ricas em alimento. E, como não podia deixar de ser, TIVE QUE CÁ VIR VER! De facto, em Kaikoura não há muito para fazer além dos tours para ver algum tipo de mamífero ou ave marinha e, não podendo fazer todos, tive que escolher um - o das Baleias.
Tinha reservado o meu lugar no que partia às 12h15 mas, quando cheguei a Kaikoura, as previsões do vento indicavam que iria passar de 10 para 20 nós a partir da tarde. Pensei que além de dificultar a visibilidade, esta alteração iria também aumentar o número de enjoados a bordo (podendo eu também ser um deles, apesar de nunca me ter acontecido) e decidi antecipar a minha partida.

Vivem na Península de Kaikoura várias espécies de baleias mas a maior colónia é a da Sperm Whale - é que Kaikoura tem um canyon submarino, com mais de 1200m de profundidade, onde as b

Durante o caminho, e sempre que não estamos a ver baleias, a tv mostra-nos, em tempo real, a posição do navio e a profundidade a que estamos. Apesar de não se ver muito bem nesta foto, a zona verde clara é a plataforma continental (menos que 200m de profundidade) e a mais escura o tal canyon!

E depois de muito tempo a navegar, alguém lá resolveu aparecer! Era o Little Nick, uma das baleias mais conhecidas pelos guias! Ele deve gostar de ser fotografado...apareceu duas vezes!


Quando o Nick se cansou das fotos e voltou a mergulhar, apareceu este rapaz, que por pouco já não ficava no meu campo! É a maior ave voadora do mundo - o Albatroz de Gibson - e existe apenas em Kaikoura!

Mas não é só nas profundidades marinhas que está a beleza de Kaikoura, acho eu...A montanha que levou um dentada
as rochas brancas como cal sobre a areia negra
e os edifícios pitorescos, incluindo aquele em que almocei uma ENORME salada do mais famoso produto local - o Lagostim (Crayfish) - ajudam ao ar de paraíso.
Depois deste manjar, fui dar um passeio pela beira mar e, se não fosse o vento fortíssimo, até me teria sentado aqui, nesta cadeira Gigante, a contemplar o mar...

Mas, embora não tenha muito que ver, é sempre possível alguém se perder em Kaikoura e, talvez por isso, tenha havido um cuidado especial na especificidade das indicações...está tudo bem - se não for rua acima, será rua abaixo e, de qualquer forma, são apenas 2km de cidade!



Depois deste manjar, fui dar um passeio pela beira mar e, se não fosse o vento fortíssimo, até me teria sentado aqui, nesta cadeira Gigante, a contemplar o mar...


Mas pelo menos sabes a latitude - 42ºSul! Já não é mau...
...ou com uma família de golfinhos

Como o comboio só aqui passa uma vez por dia em cada sentido, tive que passar a noite em Kaikoura. Depois de um passeio pelo centro, entrando em todas as lojas de artesanato, lá fui para o meu motel, o Lobster Inn - pareceu-me ser o sítio mais apropriado!
Mas se há coisa que a malta de Kaikoura sabe fazer, é pintar paredes! Se não puderes ver a vida selvagem no mar podes sempre levar uma foto com uma baleia...


Como o comboio só aqui passa uma vez por dia em cada sentido, tive que passar a noite em Kaikoura. Depois de um passeio pelo centro, entrando em todas as lojas de artesanato, lá fui para o meu motel, o Lobster Inn - pareceu-me ser o sítio mais apropriado!
Hoje, quando acordei, os Alpes anunciavam um dia lindo e, de facto, nem vento estava!
Caminhei até ao centro, apreciando a publicidade de cada tipo de negócio...o do peixe e marisco (que até tinha filetes de linguado! e um carro todo moderno!)
A viagem até Picton foi quase sempre junto ao mar, passando por baías de surfistas, por uma colónia de focas (só consegui ver 5) e por praias...até que, de repente, tudo muda e passamos novamente às planícies verdes e às imagens de presépio.

A viagem demora cerca de 3h e, dado o dia solarengo e quentinho, toda a gente se apressou a ir para o deck exterior para reservar um lugar para o bronzeado. Como estou "avisada" do perigoso buraco que temos por cima, limitei-me a ficar de T-shirt mas houve quem transformasse as calças em calções, quem ficasse em "alcinhas" e quem gastasse uma embalagem de protector na careca. Foi por pouco tempo...assim que o navio zarpou, e apesar de navegar nas águas calmas e protegidas da baía, o vento obrigou os casacos a saltar das mochilas, as calças a saltar para as pernas e metade da população a mudar de poiso para dentro do navio. Eu lá me aguentei, como o meu casaco que tapa o vento e é quentinho (compra local nos primeiros dias que cá estive e senti o vento a gelar-me os ossos) e assim posso mostrar-te a viagem.

E a paisagem, de repente, mudou. Perderam-se as árvores e as ilhotas e ficou tudo mais deserto...ainda.
E, de repente, a terra acabou e entrámos no Estreito de Cook...
O vento ficou mesmo muito forte e deixou de haver o que fotografar. Recolhi-me no navio mas, passado uma hora, voltei e lá estava ela - Welly!

Confesso que a entrada me desiludiu um bocadinho - o porto em que o ferry acosta não tem nada de bonito e eu esperava uma baía mais aberta mas depois de 5 minutos de táxi a minha opinião mudou e, nos primeiros 10 minutos de passeio a pé pelo centro, já gostava da capital. De facto, faz justiça à fama que tem como cidade das artes - aqui tudo é artístico. O Centro Cívico,

os hotéis,

as lojas de pincéis,
e até a iluminação!

É também uma cidade de artístico contraste entre o estilo muito modern
o
e o estilo europeu colonial, que é, neste caso, de 1900 e pouco - aqui nada é muito antigo.

Um dos edifícios mais emblemáticos é o Embassy Theatre, recentemente (2003) transformado em cinema...não é dos mais bonitos que já vi por fora, e não tem nada de majestoso mas...por dentro é de facto uma obra de arte.
Gostei muito mais do St. James Theatre, que ainda continua um teatro, e fica uns escassos metros mais abaixo. Ao contrário do que acontece em Christchurch, onde tudo é plano, aqui as ruas têm cima e baixo, como as de Lisboa, e as casas são coloridas, como as das cidades da América do Sul...ou como em Lisboa. Talvez seja da intensidade do sol - apetece pintar a casa de uma cor mais viva - ou sou eu com saudades da luz da minha Lisboa...

E aqui, nem as passadeiras escapam a uma pintura para lhes dar graça!

Talvez seja por se poder comprar comprimidos especiais em lojas especiais mas legais...

Já tinha ouvido falar destes mas não faço idéia o que sejam. Só sei que não são "químicos" - são ervas naturais...mas que tipo de erva, também não faço idéia. Mas pode ser que tenha que tomar um ou outro, se me der vontade de fazer Bungy citadino amanhã...
...e daí que talvez seja melhor não, não vá apetecer-me saltar no moinho de água
de Cuba St.
Esta rua é uma das principais ruas de comércio de Wellington, não tem trânsito e tem edifícios do início de 1900 recuperados, coloridos e transformados em lojas, bares, restaurantes, bancos e lojas de tatuagens. Aqui vive-se mesmo a arte...até no corpo!
Mas antes de entrar no comboio ainda tive tempo para duas fotos muito importantes...


Mas, perto de Picton, no distrito de Malborough, tudo volta a mudar - aparecem salinas e vinhas, km e km de vinhas, principalmente de duas castas - Sauvignon-Blanc e Pinot-Noir, para não haver discriminação!
Finalmente, e com 20 minutos de atraso, chegámos a Picton, uma aldeia portuária cujo principal interesse é...o ferry para Wellington! E foi isso mesmo que me trouxe até aqui.


A viagem demora cerca de 3h e, dado o dia solarengo e quentinho, toda a gente se apressou a ir para o deck exterior para reservar um lugar para o bronzeado. Como estou "avisada" do perigoso buraco que temos por cima, limitei-me a ficar de T-shirt mas houve quem transformasse as calças em calções, quem ficasse em "alcinhas" e quem gastasse uma embalagem de protector na careca. Foi por pouco tempo...assim que o navio zarpou, e apesar de navegar nas águas calmas e protegidas da baía, o vento obrigou os casacos a saltar das mochilas, as calças a saltar para as pernas e metade da população a mudar de poiso para dentro do navio. Eu lá me aguentei, como o meu casaco que tapa o vento e é quentinho (compra local nos primeiros dias que cá estive e senti o vento a gelar-me os ossos) e assim posso mostrar-te a viagem.








as pontes,

os hotéis,

as lojas de pincéis,


É também uma cidade de artístico contraste entre o estilo muito modern

e o estilo europeu colonial, que é, neste caso, de 1900 e pouco - aqui nada é muito antigo.

Um dos edifícios mais emblemáticos é o Embassy Theatre, recentemente (2003) transformado em cinema...não é dos mais bonitos que já vi por fora, e não tem nada de majestoso mas...por dentro é de facto uma obra de arte.


E aqui, nem as passadeiras escapam a uma pintura para lhes dar graça!

Talvez seja por se poder comprar comprimidos especiais em lojas especiais mas legais...

Já tinha ouvido falar destes mas não faço idéia o que sejam. Só sei que não são "químicos" - são ervas naturais...mas que tipo de erva, também não faço idéia. Mas pode ser que tenha que tomar um ou outro, se me der vontade de fazer Bungy citadino amanhã...


Esta rua é uma das principais ruas de comércio de Wellington, não tem trânsito e tem edifícios do início de 1900 recuperados, coloridos e transformados em lojas, bares, restaurantes, bancos e lojas de tatuagens. Aqui vive-se mesmo a arte...até no corpo!
E agora vou dormir com os anjinhos - pelo menos com os da igeja de St. John, que fica mesmo aqui em frente à minha janela.
Amanhã tenho uns encontros com umas pessoas que estudam peixes aqui em Wellington (foi essa a razão porque cá vim agora em vez de esperar pela próxima temporada na NZ) mas ainda devo conseguir passear e mostrar-te mais desta cidade colorida e tão cheia de vida.

Talvez inspirada pelo colorido, decidi experimentar o sumo que contém Spirulina - uma alga verde que cresce nos lagos e que descobriram agora que faz muito bem e dá muita energia!
Talvez os "comprimidos" sejam da mesma coisa...mas fico-me pelo sumo desta vez, e experimento os comprimidos contigo, quando cá viermos e precisarmos de energia para os clubes nocturnos que desta vez não vou conhecer.

Beijinhos,
J
PS - consegui tirar o nó do colar! Já pode aparecer junto a mim numa foto, um destes dias.
2 comentários:
...e que surpresa:)gostei de tudo, mas do azul do mar...hum! apetece ir ao banho!
Não bebas muita spirulina...tem muita energia mas "no preservatives"...:))
saudades muitas, beijos e abraços aos milhões
Olá!!!
Epá, esse "Pintado" era preto com muitas pintas brancas nas asas ou era mesmo pintado a cores? Preciso saber isto;)
Eu acho que se calhar a guia é portuguesa, e não sabe ainda o nome em "neozelandês".lol
E pronto, resumindo continuo maravilhada com estas nossas maravilhosas aventuras:)
Beijinhos muito grandes!
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