terça-feira, 30 de outubro de 2007

Aloíne

Olá!

Pensavas que te tinha abandonado, fechado a janela do meu mundo ou que, simplesmente estava cansada de escrever?! Não, mas isto de te "blogar" é uma arte (a)morosa e por isso requer certas condições que só neste preciso momento foram satisfeitas - tenho internet em casa, providenciada por um aparelhinho de nome Vodem, adquirido naquele operador móvel que começa com V de vermelho, é vermelho e tem anúncios com música boa. É que lá na Universidade o servidor está sempre a pedir autorização, palavras-chave e nomes - é um chato da pior espécie; muito pior que a Imigração no Aeroporto.

Mas já que o que mais interessava para estas conversas contigo já existe, vamos então à razão que te trouxe aqui: saber de mim e da viagem. Sabes...não tenho feito muito mais do que tentar "estabelecer-me", comprar coisas que preciso, entrar no esquema dos horários de tudo, trabalhar um bocadinho para que a consciência não me pese mais que mala de viagem e, no tempo que me sobra, conversar com as minhas companheiras de casa, fazer o jantar perto das 18h (aprendi a gostar de jantar cedíssimo)...enfim, viver à lá Kiwi. Mas vou contar-te o meu fim-de-semana.

Pois bem, aqui em Yale Street, o Halloween chegou mais cedo e a festa foi no sábado, dia 27. Tal como o Natal, esta festa também se faz quando o Homo sapiens quiser (nos dias que correm não sei se merecemos o H maiúsculo e, por isso, optei pelo nome específico) e, aqui, quis-se no sábado. A noite de sexta-feira foi passada a fazer os fatos - eu recortei o tecido, o papel e a esponja, elas coseram à máquina. São muito prendadas as minhas companheiras - cosem, tricotam, fazem crochet, cozinham bem e fazem bolinhos, bolões e muffins! E eu?! Ah, eu bordo ponto cruz, mas não se pode espreitar o avesso, e cozinho pratos vegetarianos que nem sempre são "bons" e...bem, posso sempre tentar aprender estes das minhas companheiras, claro.

Mas voltando à festa, e depois de feitos os fatos, foi dia de ir às compras para a festa, fazer bolos e snacks, e decorar a casa.


Havia de tudo - comida com ar nojento, comida que imitava pedaços de cérebro, olhos espalhados, teias de aranha com a respectiva dona, um enforcado no alpendre (que aliás passou o dia a assustar-nos!), escorpiões, sangue, luzes vermelhas e claro, as máscaras!



















Mas a minha comida preferida da noite foi a desta foto...lembrou-me outros bichos, outras festas, outras andanças, botas de borracha, sondas embrulhadas em plástico, mãos limpas e sujas, noites bem passadas...


Mas então e as máscaras?! Pois...não eram bem típicas de Halloween. A Michelle está encantada com uma ave de seu nome Booby e...enfim...vestimos umas coisas redondas, cor-de-rosa, bastante sugestivas, e colocámos bicos e patinhas; cada uma representava uma espécie e, bem, agora segue-se uma imagem sexy!Que tal?! Giras, hey?! Cada uma tinha também um mamilo diferente - o meu brilhava (claro, pensarás tu!). Foi muito mais divertido fazê-los do que usá-los...não dava jeito nenhum andar pela casa com uma mama gigante a envolver-me, não conseguir baixar-me com facilidade nem chegar aos comes e bebes mas a pior parte foi a ida ao WC...mas disso não te vou dar detalhes.

E assim chegou Domingo, cheio de Sol mas com frio (11ºC) e eu cheia de preguiça de fim-de-semana mas com muita vontade de passear. Panqueca de queijo na barriga, sapatos de caminhar léguas nos pés, casaco "vento passa por outro lado", óculos de sol e lá fui, finalmente, ver o centro da cidade.

Descobri que não tenho paciência para esperar pelos autocarros nesta cidade e, portanto, andei, andei, andei e lá cheguei. Comecei por entrar no Jardim Botânico mas como só fechava meia-hora depois do sol se pôr e aqui o sol se põe às 20h30, dei um quarto de volta e fui até à Catedral. A praça é, de facto, muito bonita, com todos os edifícios de 1800 e troca o passo ou 1900 e pouco e uma escultura mais moderna, "o Cálice", que simboliza a entrada no novo milénio.

Havia gente a jogar no xadrês gigante e lembrei-me, com saudades, de todas as vezes que tentei aprender...E, claro está, entrei na catedral. Tem uns vitrais muito bonitos, que infelizmente, nunca ficam bem em fotos, e uma mistura de mosaicos de várias "tribos" nas paredes; nada de "santinhos", só padrões, carregadinhos de simbolismo.
























Mas sabes qual o maior símbolo?! A Águia do Benfica! A sério! Ora vê! Até que enfim lhe deram um lugar dentro da Catedral!

O Sol quentinho e a preguiça de Domingo à tarde obrigaram-me a dar uma voltinha no Tram. Mas foi uma voltinha muito cara - por 20 minutos e 3 quarteirões paguei 14 NZD (cerca de 7 EUR)...esta ainda não consegui engolir bem...De qualquer forma foi uma voltinha numa transporte histórico, com mais 200 anos que eu e...enfim, não me enganam mais porque está "andado"! Era um must do de Christchurch, só me falta a gôndola e a Canoa mas tenho que me curar desta memória...valeu a foto, de "se pôr o chapéu".



Cansadíssima que estava desta "voltinha" de desilusão, resolvi seguir um dos percursos indicados num qualquer panfleto que retirei de um expositor no centro comercial e...bem, também o fiz num instante! É pequenina Christchurch...ou eu ando muito...uma destas hipóteses. Mas deste passeio já gostei mais - fui lendo e vendo as fachadas dos edifícios de interesse, quase todos do século XIX, fui vendo as ruas e as pessoas, fui andando, andando, andando.
Comecei no Spanish Quartier (aqui em cima), muito colorido, ao contrário de todos os outros edifícios da cidade, segui para a praça da Catedral e desta pela rua principal, passando pela Academia das Artes (a antiga universidade de Canterbury) e pelo seu respectivo mercado, parando para espreitar tudo o que é Kiwi made. Parei para observar o mais antigo candeeiro da cidade (aqui em baixo) que é mesmo o único que resta do tempo colonial...e porque será?!
O vento estava a ficar cada vez mais gelado, ou pelo menos assim parecia, e resolvi ir tomar um café ao um sítio muito diferente e original - o bathroom cafe. Como em qualquer casa de banho (exceptuando as públicas ou que não têm papel protector ou desinfectante), sentei-me na sanita e esperei...que me servissem um cappucino! Os guadanapos são um rolo de papel e há espelhos em cima das mesas - muito original e o café também era bom.
Foi tudo o que precisei para seguir viagem, de regresso a casa, por dentro do jardim botânico. É um espaço maravilhoso este jardim; deve ter mesmo todas as plantas - nem as ervas de cheiro ficam a faltar! Estão todas num dos acessos ao jardim das roseiras, que, a avaliar pelo número de espécies diferentes, quando estão floridas devem fazer um lindo mosaico colorido - não era o caso mas espero conseguir vê-las nos próximos tempos.

Passei pelo fonte dos pelicanos que, mesmo com o sol já mais fraquinho, ainda era de um azul turqueza intenso
por uma sequóia gigante, a que não consegui ver o topo por mais que inclinasse o pescoço
e pelo sino da Amizade, feito com o cobre de uma moeda de cada país para simbolizar a ubião dos povos.

É curioso como deste lado do mundo se acha importante construir qualquer coisa que simbolize a Amizade...que me lembre, no Oceidente não temos nada e aqui já lá vai uma ponte e um sino!
E para terminar o dia talvez não haja nada melhor que um passeio de gôndola pelo rio Avon (lê-se Eivon e não da mesma forma que o produto do catálogo)...
...mas não, neste não fui! Vou guardar isso para sagrar uma Amizade quando cá vieres!
Houve, neste passeio pelo centro, duas casas que me despertaram a atenção: uma porque era da Associação das pessoas com dislexia e tinha esculturas alusivas ao problema - gostei principalmente do capuchinho sentado no pedestal...

a outra lembrou-me que podemos sempre mudar as coisas e torná-las melhores e mais bonitas se não gostamos da forma original. Acho que foi o que fizeram nesta fachada...

Por agora deixo-te a viver este dia, enquanto eu vou dormir.

Beijinhos da Kiwiland



Joana



PS - todos os dias passo por um cartaz que diz "nunca nenhuma pessoa ficou cega por olhar para o lado bom da vida!"

2 comentários:

tinota disse...

...e o lado bom da vida é a Amizade, talvez seja essa a mensagem da ponte, do sino!
Adorei o bathroom café:) Será que tinha sucesso por cá? Ou a "malta" distraía-se...e não corria tão bem?!
Bem que se tentou ensinar tricot,crochet e até xadrez e damas, mas não resultou. Peixes,parasitas, chaves de parafusos, isso sim!!
Continua a mostrar-nos esse lado, já somos muitos daqui...
bjs e xxxicorações

I disse...

só consegui ver as fotos todas hoje :S porquê??? vai daí não resisto!!!! :) é o bicho!!!! é o bicho!!!!! :)

Beijocas!!!!!!!!!!!!!