Para a despedida...

Hey!

Tenho andado preguicosa, eu sei, e nao te tenho ligado nenhuma, tambem sei, mas o inicio do Outono deixa-me assim...
Como este e o ultimo post antes de voltar a casa, a verdadeira casa - aquela em que estao amigos e familia - decidi escreve-lo num teclado ingles e no velhinho pc do meu office em Lincoln, na ultima tarde que aqui passo assim em jeito de despedida. Digo-te tudo isto para que nao penses que ja nao sei escrever na lingua de Camoes; ainda me lembro mas nao tenho algumas teclas essenciais.

Ha 15 dias fui passar o fim-de semana ao sudoeste desta ilha - Fiordland - um local absolutamente fantastico e classificado pela UNESCO como Natural Heritage! E, de facto, merece! Ora ve!

A primeira paragem na fria manha de Domingo foi nos Mirror Lakes (da para perceber o nome!)...

...seguindo-se outra num local onde esperei que, a qualquer momento, surgisse o meu conterraneo D. Sebastiao...

...mas a Lua ja ia alta, apesar de serem apenas 10h da manha...

...e uma outra maravilha da Natureza esperava por mais um autocarro de turistas - the Chasm! Buracos escavados nas rochas pela forca das aguas de um rio!

Mais uma hora de caminho, a subir e descer montanhas, e la chegamos, enfim, ao Milford Sound!

Milford e, na realidade, um fiorde - foi escavado pelos glaciares que se movimentaram ha milhares de anos e posteriormente inundado quando o nivel das aguas subiu - mas e conhecido como Milford Sound e eu nao vou contrariar o mapa e toda a informacao escrita so para dizer o nome correctamente. Assim sendo, digo-te que fiz um belissimo cruzeiro de 3 horas no Milford Sound - a tarde estava solarenga e nada fria, a agua brilhava como prata e o cenario e deslumbrante! As montanhas sucedem-se para alem do que consegues ver...e tocam as nuvens que nao arriscam ir mais alto.

Num sope de uma ha um aquario... ...de paredes espessas e a 10m de profundidade...

...em que tu es o enclausurado e os peixes e corais estao la fora, no seu ambiente natural.

Peixes de poucas cores, porque a agua e fria, coral negro, mexilhoes gigantes...

Nao, nao me enganei - o nome do Coral e mesmo "coral negro" apesar de ser branco! Negra, negra, era a estrela do mar que se enrolava nele e que, por isso mesmo, tem o nome de "snake-star". Ate te digo mais, o nome cientifico inclui "constrictor", tal como o daqueles animais cujo nome nao irei mencionar mas que me provocam muito mais que arrepios na espinha! Das estrelas, curiosamente ou nao, nao tive medo e nem sequer me causaram calafrios...

...mas nao sao nada bonitas, pois nao?! E nem sequer parecem estrelas...coisas da Natureza!

E, se para ver estas criaturas nao tive sequer que molhar os pezinhos, tive oportunidade de molhar muito mais que isso debaixo de uma cascata...nao, nao fui ao banho mas digamos que o barco chega MUITO perto da queda de agua...ora ve!

Terminado o cruzeiro foi hora de voltar a Te Anau (ja la tinhamos estado em Fevereiro, lembras-te?), passar a noite em familia (com a Amy e os pais dela) e descansar pois o dia seguinte reservava-me uma caminhada pequenita de 11km - a primeira parte de Milford Track, uma das mais belas e longas caminhadas do mundo...dizem...

O Ceu por aqui amanhece com as mesmas cores com que poe e, portanto, as manhas possibilitam fotos como esta!

Nao, nao usei nenhum filtro de nenhuma cor e eram apenas 7h30 da manha. Para mim o vermelho tem agora um novo tom - vermelho aurora!

Depois de uma hora num catamara, ei-nos chegados a Milford Track a meio de uma manha chuvosa e fria. Como queria saber para onde olhar, o que ver e os nomes das arvores e dos passaros, resolvi fazer uma caminhada guiada - calhou-me (tal como a meia duzia de Australianos e Americanos) um guia Japones. Sim, falava ingles, e certo, mas com sotaque e ritmo japones o que torna sempre tudo muito mais divertido!

A primeira "descoberta" foi um cantinho escuro e humido habitado por glow worms (aquelas que brilham no escuro e que visitamos numa gruta em Te Anau, lembras-te?!) e, desta vez, consegui uma foto dos "rosarios" que elas fazem.

Apesar de nao ser uma manha particularmente primaveril, um passarinho la deu um ar de sua graca e pousou para as fotos de todos!

Depois de uma sopinha de abobora quente e de uma sandwich, atravessamos a swing bridge (a segunda que passo por estas bandas)...

...e seguimos caminho junto ao rio,

por entre arbustos, arvores e musgo...

(sim, esta ultima foto e de "um musgo"!!!) ate que chegamos ao que o Taka (o nosso guia) chamou de uma boa memoria - o que resta da linha telefonica em Milford Track!

Embora toda a caminhada seja bonita, nao tem nada de absolutamente fabuloso a excepcao de um lugar, as Wetlands.

O chao esta coberto de musgo de diferentes cores, como se fosse uma tapecaria! Lindo, nao?! Mas, e ve la tu, lembrou-me os Strawberry Fields no Central Park em New York! A ti nao?!

A caminhada chegou ao fim, os passeios na Nova Zelandia chegaram ao fim, a estadia aproxima-se a passos largos do final - volto para casa no proximo domingo! Volto para esse local pequenino mas magnifico de onde partiram grandes navegadores, possivelmente ate os que primeiro avistaram estas ilhas mas nao lhes deram a devida importancia; esse local riquissimo em Historia e em beleza natural onde tive a sorte de nascer e tenho a sorte de chamar "casa" e de que tenho tantas saudades! Desse lugar onde se podem roer laranjas na falesia a olhar um mar prateado enquanto um sargo assa no braseiro...onde as dunas sao como divas...onde as cidades estao a beira mar estendidas...e que nao troquei por um mar ao Sul - vim apenas dar a volta ao (meu) Mundo!

Ate ja!

Beijinhos

J

PS - obrigada por sempre estares ai...sem ti e sem te escrever talvez nada disto tivesse feito sentido; agora entendi (quase) tudo.

Um outro mergulho...

Ainda não tinha os pés bem assentes na terra, depois de 3 dias no mar numa viagem de sonho e de duas viagens de avião de volta à NZ, quando aceitei um novo desafio - Skydive!

Estava ainda na Austrália, a caminho do jantar de grupo do mergulho, quando a Joana (uma outra Joana) me ligou a revelar os planos para o fim-de-semana: Skydive e passear no Abel Tasman, o parque natural mais a norte na ilha do Sul. Nem pensei duas vezes; chegada a CHC às 0h00 de quinta-feira, aluguei um carro no aeroporto e na manhã seguinte segui para Kaikoura (onde fomos ver as baleias, lembras-te?!) para apanhar a Joana e seguimos para Picton (onde apanhámos o ferry para Wellington, lembras-te?!) onde nos juntámos à Jenna.

Depois de jantar rumámos para Nelson onde passámos a noite a tentar dormir; digo "tentar" porque o nosso companheiro de dormitório tinha um ressonar poderoso que não permitia longos sonhos com qualquer tipo de mergulho. Talvez mais cansada do que me tinha deitado, levantei-me e disse "Bem, 'bora lá saltar de um avião!"

Tudo aconteceu muito rapidamente, em cerca de 15 minutos: vestimos o fato e o colete, dissemos umas palavrinhas para a câmara (sim, tenho um filme!), entrámos no avião, fui "amarrada" ao meu instrutor (um Checo muito divertido),

coloquei o capacete e os óculos, a Joana saltou, os outros dois saltaram, fui pendurada do lado de fora do avião, dei um último sorriso para a câmara e...

....o primeiro pensamento foi "no que é que eu me vim meter!!!!" e quando nos atirámos disse uma ou outra palavra começada por F mas é SENSACIONAL!!!! As caras que vês são porque nunca me calei durante os 60s de queda-livre: é mesmo como se tivessemos asas; não se sente o estômago a enrolar como na montanha russa e, apesar dos 200km/h, não se sente a "queda"; só o vento e uma enorme sensação de liberdade que não consigo explicar - tens mesmo que experimentar! Entendo como há pessoas que fazem isto todos os dias!

A paisagem é extraordinária e quando o pára-quedas se abre é um verdadeiro sightseing-tour de apenas 5 minutos sobre campos verdes, águas azuis e areias brancas...

Acho que as nossas caras revelam o que se sente "nas alturas"!
Mas depois de tantos dias de actividades radicais e viagens nada melhor que uns dias de descanso...e para descansar nada melhor que um refúgio da Natureza, uns dias de paz e sossego, sem absolutamente nada para fazer excepto descansar e, finalmente, dormir uma boa noite de sono. E no Abel Tasman só se pode mesmo fazer isto! É um verdadeiro paraíso - extensas baías de areia dourada, água verde transparente e calma...enfim, tudo o que vem nos postais!

E...estas fotos não te fazem lembrar um outro local?! Bem...já te mostro mais para veres do que falo.

O nosso backpacker era mesmo "à porta" da zona norte do Abel Tasman em Marahau e, por acaso ou talvez não, o nosso lodge tinha um nome curioso (está escrito na plaquinha, a branco, do lado esquerdo da porta)...

Ainda fomos à praia nesta tarde mas as sandflies (umas moscas pretas, pequeninas mas que picam como as grandes!) não nos deixavam em paz e o corpo começava a pedir descanso absoluto...

Ainda fomos espreitar o "parque de esculturas de madeira" onde encontrei uma belíssima representação da lenda Maori da origem das 3 ilhas da NZ (aquela estória da canoa)...

...e a mais gloriosa das aves, na côr certa e tudo!

Depois de um jantar apetitoso, de tentar decifrar uma ou outra constelação deste hemisfério e de uma belíssima noite de sono, apanhámos um Aquataxi (o meio de locomoção mais comum por estas bandas) até Tonga - a ilha reserva marinha onde existe uma colónia de leões marinhos ou fur seals, como preferires chamar-lhes - de onde regressaríamos pelo nosso próprio pé, através de um caminho pelas montanhas junto ao mar.

O motorista do Aquataxi parecia ter uma cassete (ou um DVD, para ser mais moderno!) na garganta com o discurso decorado e a primeira paragem foi numa verdadeira ora de arte natural que imita a realidade - a Split Apple! A paisagem antes de Tonga e depois de Tonga é simplesmente deslumbrante - águas calmíssimas de um verde transparente, montanhas verdinhas, areia dourada...curiosamente, lembra, em cada km, um local muito perto de casa...

à excepção destas amigas e das suas crias que, pelo menos por enquanto, ainda não temos no Parque Marinho da Arrábida!

Eu não me canso de as ver e de as fotografar e desta vez até consegui um aceno para a câmara!

A partir daqui vou calar-me e deixar-te apreciar as "vistas" para as quais não tenho palavras e temo que as fotos não lhes façam a merecida justiça mas cá vai...

Percebes agora quando te digo que não tenho palavras?! E lembra o Portinho, não lembra?! A mim lembrou...mas pode ser porque tenho saudades de casa...da nossa água transparente, das nossas tremendas extensões de areia branca, das riscas dos toldos, dos peixinhos à beirinha.

Foram uns dias e tanto, estes últimos! Estou cansada mas cumpri mais dois sonhos - mergulhar na Grande Barreira de Coral e Skydiving na Nova Zelândia. Agora é altura de fazer uma pausa, viver outras coisas e, claro, trabalhar para poder cumprir outros sonhos que comandam a minha vida...não, ainda não tenho nenhum plano concreto mas, como já bem sabes, posso decidir qualquer coisa nas próximas horas para não perder o balanço!

Beijinhos

J